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29 de ago. de 2012

Deixem aquele Livre de Pecado Atirar a Primeira Pedra...

Olá, acho que hoje vou causar um pouco de polêmica xD. Vou falar sobre um curta chamado The Backwater Gospel que fala sobre nada mais nada menos do que manipulação através da religião. O problema é que é em inglês e não consegui achar legendado, então assistam pelo menos pela animação que é maravilhosa. É bem possível entender sem saber inglês, mas mesmo assim acho que vou dar uma resumida...


SPOILER ALERT!
Bem, nossa história fala sobre o Undertaker, que significa literalmente agente funerário. Ele é tipo o anjo da morte. Bem, se você avistar o Undertaker andando em sua bicicleta, bem... Você provavelmente está ferrado porque sua aparição significa a morte de alguém. Isso mesmo, o Undertaker apenas aparece para fazer o seu serviço de agente funerário. E é exatamente isso o que ele faz quando se aproxima de uma vila em que um padre prega a filosofia de que temer o senhor é a resposta e sai bem sucedido nesse papel. Apenas uma pessoa não cai na dele. Esse é um dos personagens principais, um simpático caipira tocador de violão. O caipira (seu nome não é mencionado no curta) era a única pessoa que não entrava na igreja na hora do culto, e o padre, logo após todos serem anunciados da chegada do Undertaker, o acusa de ser a "maçã podre" que arruína todo o pomar e a razão da visita do anjo. Assim, o padre encoraja a todos os moradores livres de pecados, atirarem a primeira pedra. Já dá pra imaginar o que acontece com o pobre capira após isso. Surpresos ao verem o Undertaker sentado no poço sem ser mexer para concluir seu serviço, todos se desesperam, e com medo de serem o motivo da visita do anjo da morte, começam a matar uns aos outros, causando uma grande chacina. No dia seguinte vemos que todo mundo era o motivo da visita. 
Acho que já da pra sacar a intenção da história, o que ela quer criticar. 
Bom, a animação é demais, muito bem feita e muito bem dublada e tudo mais, mas vou logo avisando: É BEEM violenta, então vejam por sua própria conta e risco.

18 de ago. de 2012

Watchmen

Hora de falar da maior história em quadrinhos do mundo, a criação genial do grande Alan Moore e desenhada pelo excepcional Dave Gibbons. Watchmen foi um estrondoso sucesso mundial, principalmente porque provou que adultos também poderiam curtir HQs sem que estas fossem necessariamente sobre putaria.

                                                        WATCHMEN

Em 1986, Moore e Gibbons receberam carta branca da DC Comics para criarem sua própria HQ e decidirem o rumo de seus heróis como bem entendessem, eles trabalharam com toda a boa vontade possível para criar alguma coisa única usando conhecidos personagens da editora Charlton Comics, e que praticamente iria dar um tapa na cara dos leitores, um tapa dolorido, mas que os faria querer continuar sentindo a dor por doze capítulos mensais.
Quando a história ficou pronta, a DC terminou por proibir que os dois artistas usassem super heróis da Charlton Comics exatamente porque isto iria chocar muitos leitores e provavelmente ninguém mais iria ver aqueles heróis com os mesmos olhos, sem falar que muitos morreriam de forma quase que "em vão". Neste caso então foram criados seis heróis protagonistas para a trama, estes eram Dr.Manhattan, Comediante, Coruja II, Rorschach, Ozymandias e Espectral II. Existem outros heróis e vilões na historia, porém são secundários, já que a trama vai muito mais além do manjado vilão que pretende matar o mocinho para dar início ao seu reinado diabólico.

História:
Com o surgimento de um poderoso ser conhecido como Dr.Manhattan (este nada mais do que um ex-cientista nuclear chamado Jonhatan Osterman que "morreu" desintegrado por sua própria invenção) dotado de poderes ilimitados, os EUA conseguiram vencer a Guerra do Vietnã, tendo este novo Super Herói a frente do exército, Dr. Manhattan foi nomeado o homem-deus e protetor da América por usar suas habilidades especiais para ajudar os Estados Unidos. Depois de sua subida e ascensão ao status de mais mortal arma biológica existente e escudo americano, a queda dos heróis mascarados conhecidos como Vigilantes foi iminente, sendo que apenas Comediante e o próprio Manhattan continuaram como protetores oficiais, toda a segunda geração de Vigilantes teve de escolher entre se aposentar ou se tornarem membros do governo, a maioria largou a vida de justiceiro e com o tempo até mesmo os vilões mascarados se tornaram uma lenda. Dentre todos os Vigilantes que estavam ativos até a lei Keene, o único que optou por continuar vivendo como um herói-não-licenciado foi Rorschach, escrevendo suas próprias leis, punindo quem achava culpado e fugindo da polícia com frequência, desta forma Rorschach se tornou uma das pessoas mais procuradas de Nova York, e é através dele que vamos descobrindo uma trama envolvendo o recente assassinato de Comediante e uma suposta ideia de que alguém está perseguindo e eliminando todos os Vigilantes.
Motivos? Desconhecidos... mas quando forem revelados vão deixar qualquer um arrepiado.


Watchmen foi uma das primeiras obras a receber o nome de Graphic-Novel, que é um termo usado para descrever histórias em quadrinhos que contam romances inteiros, como em um livro, dando ênfase mais ao desenrolar da trama e aos seus detalhes do que o lado pessoal e estético de cada personagem.    

Com páginas cheias de informações, sem onomatopeias e quadrinhos abordados com os ângulos mais cinematográficos possíveis para a época, é muito fácil conseguir distinguir Watchmen de qualquer outra HQ, tanto da década de 80 quanto das atuais, mesmo que Graphic-Novels tenham se tornado populares desde então.
O estilo de desenhos usados são bem simples e as cores não variam muito (claro que a questão das cores foi proposital) o que de certa forma acabou se tornando uma marca registrada da HQ. Tudo é mórbido, sufocante e passa uma sensação de impureza. A realidade retratada na historia é triste e exageradamente degradada, principalmente quando a principal fonte de informação sobre ela é o diário de Rorschach, os trechos que abordam explicações sobre a condição do povo, a auto-ilusão que o governo e a mídia espalham e como a sociedade se tornou hipócrita com o passar dos anos são descritos com um tom poético, sarcástico e sádico, sem dúvidas um charme inigualável para a trama.

Os personagens, heróis, ex-heróis ou simplesmente pessoas normais são muito carismáticos, eles não transbordam emoções e nem mesmo são dinâmicos, mas conseguem ser ligítimamente humanos, com expressões ou observações comuns que fazem de forma displicente.

O roteiro, embora seja cheio de detalhes e nomes importantes, não se torna difícil de entender, muito menos de aceitar a realidade imposta. Claro que existem seus exageros, afinal de contas a coisa acima de tudo tem que ser legal e proporcionar diversão.

A recepção de Watcmen pelo público foi realmente muito boa, talvez porque provava que quadrinhos podiam atrair qualquer tipo de público, sem falar que tinham como contar uma história tão bem quanto qualquer livro e se tornarem ícones mundiais tão bem aceitos quanto estes tais.
Tudo bem que os personagens não são tão famosos e conhecidos quanto a maioria dos heróis da DC Comics, mas isso se dá ao fato de que o público alvo sempre foi infanto-juvenil, e mesmo muitos adultos acabam não se importando tanto com historias mais pé-no-chão quanto Watchmen ou as edições mais sérias e sombrias do Batman das quais ele não se parece exatamente com um super-herói, mesmo que use um traje extravagante mas sim com um ousado justiceiro/detetive/ninja/etc, etc, etc. Embora a realidade da HQ seja bem mais decadente e sombria que a nossa, ela ainda guarda boas semelhanças que podem ser notadas com muita facilidade, o que significa que ninguém precisa ser gênio para sacar o que está acontecendo e conseguir ligar os fatos.


Então leitores, sinto não fazer algo maior e mais detalhado sobre Watchmen, sei que merecia, mas eu realmente não tenho como incrementar mais no texto, a não ser se revelasse mais detalhes sobre a historia, claro que não vou fazer isso.
Pra finalizar, apenas quero sugerir o filme com o mesmo nome dirigido por Zack Snyder, o mesmo de 300 e do já postado aqui Sucker Punch, o filme é muito fiel a ambientização da revista, as sequencias e falas seguem um padrão muito parecido, para quem quer se introduzir a este universo, tanto pelos quadrinhos quanto pelo filme é uma grande forma de mergulhar de cabeça no mundo de Watcmen de forma bem original.




3 de ago. de 2012

Bynary Overdrive

Olá mais uma vez, a postagem de hoje é sobre um vídeo que me chamou a atenção em dois pontos, mas antes eu já vou esclarecendo que é um AMV (Anime Music Vídeo), ou seja, é um vídeo editado com música de fundo e cenas de um (ou vários Animes), no entanto, este AMV recebeu uma atenção especial, seu criador tem o nick "Nostromo" e faz vários vídeos usando músicas eletrônicas de todos os tipos.

Eis porque este me chamou a atenção.
*O Anime escolhido é um curta metragem chamado Dimension Bomb, feito pelo estúdio 4° C, a animação é impecável e me faz sonhar em um dia ver animes comuns com uma qualidade destas, este curta é um dos muitos que compõem um DVD especial lançado por esse estúdio chamado Genius Party Beyond, que contém obras de diferentes animadores do estúdio.
*Embora não seja muito fã de música eletrônica, a canção usada no vídeo simplesmente me encantou, a sincronia é surpreendente. A música se chama Get a Hold of Yourself, e foi criada por Sugar Jesus (não sei quem é direito, a informação sobre ele é meio escassa).

Enfim eu só tenho a postar o vídeo abaixo, e desejar uma boa viagem com esta animação um tanto quanto abstrata. Uma boa sexta e fim-de-semana a todos


 Agora tem como colocar em tela cheia (não sei se são todos assim)

2 de ago. de 2012

Quando a Primeira Trombeta Tocar...

Postagem um tanto quanto inesperada hoje, pois quero falar de um livro.
Para quem ainda não conhece, para quem já ouviu falar, para quem não gostou e principalmente para quem já leu e adorou...

                                                A BATALHA DO APOCALIPSE

ATENÇÃO!! ANTES DE COMEÇAR A LER, TENHA EM MENTE QUE AS PALAVRAS QUE SEGUEM ABAIXO SÃO APENAS PARTE DA MINHA OPINIÃO SOBRE O LIVRO. EU NÃO SOU CRÍTICO E MUITO MENOS ESCRITOR PROFISSIONAL,  PORTANTO NÃO ENTENDA COMO UMA CRÍTICA ABSOLUTA.

Confesso que quando tive este livro em mãos há uns meses atrás, hesitei muito antes de começar a lê-lo. De fato, pensava mesmo que ia encontrar uma monstruosa referência cristã/católica, misturada a fatos ofuscados e passagens bíblicas que no final levaria a um desfecho medíocre que mostraria nada mais do que a interpretação do autor sobre a última parte do Novo Testamento.
No entanto, quando comecei a ler a história e me deparei com a primeira descrição sobre o poderoso Arcanjo Miguel e como o nível hierárquico é definido no mundo celestial acabei percebendo que a trama nada mais era do a genuína reprodução de um mundo épico criado pela mente de Eduardo Spohr (autor) misturado com fragmentos de culturas e crenças que prosperaram ou simplesmente foram ignoradas com o passar dos anos.

Minha maior surpresa foi descobrir que o sujeito inseriu uma dose cavalar de cultura popular ao seu trabalho, dando nomes as técnicas dos anjos e descrevendo seus poderes como quem descreve movimentos especiais durante uma partida de RPG, claro que em certos momentos eu até considerei isto um tanto constrangedor, porém divertido em outros. Vamos a sinopse do livro e depois tudo o que tenho a dizer sobre ele.

Ablon é um dos mais poderosos generais celestes, um Querubim honrado e valente que é capaz de embater até mesmo contra as forças do destino para alcançar a justiça.
De acordo com a historia do livro, Deus criou a Terra após ter vencido um adversário negro nas místicas Batalhas Primevas, para poder encarar a tal criatura (Tehom) ele criou os Arcanjos, que conseguiram massacrar seus oponentes negros, servos da tal entidade. Depois de derrotar a ameaça, a construção da terra foi demarcada com a contagem de "sete dias", dos quais representavam períodos distintos, depois de criar toda a sua obra prima, Deus entrou em um grande estado de sono, do qual seria acordado apenas no final do último dia, que diferente dos outros seria marcado com a evolução humana e junto com seu despertar viria o apocalipse.
No entanto, enquanto Deus dormia, o arcanjo Miguel, repudiando os humanos que seu criador tanto prezou ao ponto de presentear com o livre arbítrio tentou matá-los de várias maneiras, como a destruição de Sodoma e Gomorra e o dilúvio (na versão original fora Deus mesmo que matara a todos), no entanto nunca conseguia causar medo suficiente ou eliminar todos de vez.
Cansado de tudo aquilo, Ablon convocou uma reunião com todos os generais e todos aqueles que aceitaram a ideia de que Miguel estava indo longe demais, e para a surpresa do Querubim, o arcanjo Lúcifer também decidiu se juntar ao grupo. No entanto, no momento em que a reunião deu início, Lúcifer traiu os demais e incitou uma rebelião, o que resultou em sua expulsão junto com todos os seus seguidores, e ao banimento dos generais Querubins, tarjados agora como renegados.
Vivendo na Terra agora, Ablon não tem muitas escolhas a não ser esperar que o sétimo dia acabe e que a batalha do apocalipse comece, para que os dois mundos se tornem um só e podendo assim alcançar o paraíso novamente para ter o direito de morrer lutando por sua causa, no entanto, ele descobre muito mais coisas junto com os humanos do que poderia um dia imaginar quando estava em sua glória eterna.


OK esse não é exatamente o prelúdio da trama, mas serve bem como introdução, a primeira coisa que vou falar sobre o livro é a narrativa.
Eduardo Spohr sem sombra de dúvidas tem muito talento como escritor, ele consegue descrever cenários com uma complexidade incrível, a narrativa é em terceira pessoa, mesmo que em uma parte em específico  ela fique em primeira. Da forma mais Tolkeniana possível, Spohr gosta de enriquecer sua historia com a mais detalhada ênfase, nos fazendo sentir mergulhados na atmosfera do ambiente, a única coisa que realmente enche o saco nesse ponto é que em vários momentos a historia começa a se arrastar exatamente por causa disso, é comum em alguns momentos em que você está curioso pra saber o que vai acontecer logo no final de uma parte mas nesse momento o personagem chega em uma nova cidade, e ai vai uma página inteira descrevendo os pormenores de como é esta cidade e como ela funciona. Mas deixando este detalhe de lado, eu afirmo que as vezes tem até mesmo como sentir os cheiros descritos no livro, só é uma pena que raramente o autor menciona maravilhosas refeições, assim como é costume nos livros de literatura fantástica.

Os personagens que ao mesmo tempo são formidáveis também deixam um pouco a desejar, quem gosta de Cavaleiros do Zodíaco vai notar uma certa referência a série, os Arcanjos usam armaduras de ouro completas, conseguem sentir e controlar átomos assim como o cosmo, a energia que todos os anjos usam para manifestar seu poder é chamada de Aura Pulsante, da qual queima quando eles precisam lutar. Eu pessoalmente gosto disso porque não acho que estes detalhes estraguem os personagens, pelo contrário, acredito que esse padrão se encaixou perfeitamente aos anjos da história, cada anjo apresenta tanto aparências distintas como também personalidades, no entanto, assim como os humanos que nos são mostrados eles perdem muito em carisma, o protagonista Ablon é um bom personagem, mas não consegue nos motivar nem quando está ganhando e muito menos quando está prestes a perder algo importante, ele simplesmente faz as coisas com a velha desculpa de que segue seus instintos e nunca parece estar lutando por sua própria vontade. Apesar de tudo isto, tanto ele quanto sua companheira humana, a necromante Shamira não chegam a ser irritantes e passam longe do desprezo dos leitores.

A história é simplesmente épica, sem mais palavras.

O grande e sem sombra de dúvidas mais problemático ponto em todo o livro, são os momentos de flash back que o autor nos empurra, eu pessoalmente gostei de todos, porém não posso negar que eles são exageradamente extensos e muitas vezes adicionam fatos desnecessários a trama principal. Imagine dessa forma: você está lendo o livro em um certo ritmo, gostando muito da história e ficando cada vez mais empolgado, o capítulo está acabando e um grande clímax começa a se formar... de repente, em um virar de páginas a história te lança para 1500 anos no passado em uma situação que não tem absolutamente nada a ver com a atual.
Isso significa que toda aquela expectativa acumulada foi por água a baixo, pois agora é necessário um fôlego completamente novo para começar uma história dentro da outra, da qual sabe-se lá quantas páginas pode durar. Claro que nem tudo nisso é ruim, pois nessas tramas paralelas alguns personagens muito bem trabalhados nos são apresentados, e os flash backs tem histórias tão legais quanto a principal.

Finalizando agora a postagem e deixando minha impressões finais sobre o livro.
Eu realmente gostei DEMAIS de A Batalha do Apocalipse, mesmo que os personagens não estejam guardados pra todo o sempre nas minhas melhores lembranças (diferentes de tantos outros), toda a trama e reviravolta apresentada no livro com certeza me marcou de forma especial, cada grande feito, cada batalha, cada informação passada a respeito do universo fantástico que Spohr criou. Eu recomendo muito esse livro para os adoradores de uma boa literatura épica, fãs de RPG (principalmente D&D, porque eu pude perceber que o autor usou o sistema de evolução de personagem do jogo em seus anjos) e também aqueles que sempre sonharam em ler um trabalho brasileiro que se compare as espetaculares aventuras que os gringos inventam. O autor conseguiu criar em cima de histórias antigas, lendas e religião, um clima único e um mundo próprio e original, sem agredir conceitos ou idéias, apenas mostrando uma outra face um pouco mais... nerd.