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26 de out. de 2012

Em Terra de Deuses, Humanos São Porcos

Decidi falar de um dos melhores trabalhos do Hayao Miyazaki hoje, este que provavelmente é o filme mais conhecido dele.

                                            SEN TO CHIHIRO NO KAMIKAKUSHI


A Viagem de Chihiro, como ficou conhecido por aqui e em Portugal ou Spirited Away (meu favorito) na versão em inglês, foi lançado no Japão em 2001 e ganhou o Oscar de melhor animação em 2003, e isso não é atoa, já que quando o assunto é animação o estúdio Ghibli simplesmente faz o melhor pra época.

Hayao Miyazaki ficou famoso por conseguir criar histórias que não precisavam contar com um apelo filosófico totalmente dramático para nos fazer crescer junto com seus personagens, conseguimos gostar deles apenas tendo uma pequena demonstração de seu caráter realista. O crescimento sempre faz parte de seus filmes e mangás também, tirando o tão aclamado Princesa Mononoke (do qual eu não consegui gostar) onde os personagens estão lá apenas para dar sentido a lição de moral do filme. Chihiro é mais um grande filme que nos leva a crescer junto com a protagonista.

Vamos a historia
Chihiro é uma guria de dez anos pessimista e medrosa que está se mudando contra a vontade com seus pais para uma nova cidade no interior.
Diferente da filha, os pais Akio e Yuko são pessoas empolgadas e extrovertidas, tendo que parar o carro ao chegar em frente a um túnel cuja entrada é bloqueada pela estátua de uma entidade oriental, a família segue a pé pelo escuro lugar até alcançar o que parece ser o interior de uma igreja abandonada, Chihiro está morrendo de medo e seus pais precisam convencê-la a continuar em frente com frequência. Além da construção a família se depara com um belo campo cheio de pedras salientes e casas abandonadas, e mesmo com a bela visão, a menina continua pessimista quanto ao lugar. Por fim, além de uma escadaria o que surge a diante é uma pequena vila feita do modo mais tradicional oriental possível, tudo no lugar parece intocado, mesmo que ainda deserto o tempo simplesmente não chegou lá.
Curiosamente todas as casas ao redor parecem restaurantes, com excessão do grande prédio que se estende na outra extremidade da rua. Os pais de Chihiro ficam encantados quando descobrem que em uma bancada próximo a eles tem um maravilhoso banquete, sem pensar muito a respeito da situação, os dois começam a comer com o pretexto de que vão pagar depois que os donos voltarem. Chateada com o comportamento dos pais, Chihiro se distancia deles e vai em direção ao grande prédio, quando ela está se aproximando da entrada um garoto surge apressado em sua direção gritando que ela deve deixar a cidadezinha antes do anoitecer, o que aparentemente será em poucos minutos.
Chihiro volta apressada para perto de seus pais apenas para descobrir, horrorizada, que eles se tornaram enormes porcos.
Depois de fugir do local, e tentar voltar pelo caminho por onde veio, a menina fica confusa ao ver que todo o lugar por onde ela e seus pais andaram pela tarde esta coberto de água, neste momento uma balsa trazendo a primeira leva de espíritos aporta na "ilha" e Chihiro mergulha em um pesadelo do qual nunca deveria estar vivendo.
Voltando para perto da cidade, Chihiro é encontrada pelo mesmo rapaz que a mandou fugir do lugar, ele se apresenta a ela como Haku e explica que aquele prédio grande no final da cidade é uma Casa de Banhos para deuses gerenciada por uma poderosa feiticeira chamada Yubaba, ela é tirana e não vai admitir a presença de Chihiro naquele lugar e para que ela consiga viver em paz ali antes de tudo precisa conseguir um emprego, desta forma nem mesmo Yubaba poderá fazer algum mal a ela.
Seguindo os conselhos de Haku, Chihiro ruma em direção a uma monstruosa escadaria ao ar livre que desce para os aposentos de Kamaji, uma entidade que tem a forma de um velho com quatro longos braços que podem se esticar a longas distancias, Kamaji trabalha coordenando uma fornalha que precisa ser aquecida a noite inteira para que a água dos clientes da casa de banhos fique sempre quentinha, ele também é responsável pelas válvulas de água, puxando as cordas certas para que as banheiras certas se encham andares acima.
Chihiro insiste para Kamaji lhe arrumar um trabalho, no entanto o velho espírito se recusa a arrumar um lugar para a garota pois todas as vagas estão preenchidas. Neste momento aparece Lin, uma jovem muito semelhante a um ser humano (e diga-se de passagem o mais perto de um que você pode ver nesse filme... além do Haku, é claro), e seguindo as ordens de Kamaji, leva a pequena Chihiro para um encontro com Yubaba.
Uma vez no escritório da velha bruxa, Chihiro começa a perceber o grande preconceito que os humanos sofrem dos seres de outras dimensões, Yubaba simplesmente odeia ela por causa da ação de seus pais, que agora aguardam na fila do abatedouro junto com outros que ousaram comer a comida dos deuses. Depois de falar demais (a maior especialidade de Chihiro), a velha perde a paciência rapidamente, pois tem que cuidar de um bebê gigante que nunca deve sair de seu quarto. Dessa forma, ai invés de ser castigada, a menina recebe um emprego de serviçal, e assim como todas as almas que trabalham para Yubaba, ela tem seu nome tomado pela feiticeira, que simplesmente guarda algumas sílabas para si e deixa apenas uma restante: "Sen" (as letras mudam seu som dependendo da ordem de colocação no dialeto japonês).
Sem se lembrar de seu verdadeiro nome, Chihiro, ou melhor... Sen perde sua liberdade e simplesmente passa a trabalhar para Yubaba, ela sofre com o preconceito das entidades que precisam dividir o ambiente com ela e aos poucos percebe que sua vida está acabada. Acabada até Haku voltar para ajudá-la, dizendo-lhe seu verdadeiro nome e a fazendo se lembrar que quem realmente é, desta forma Chihiro se vê livre do encanto da dona da casa de banhos.
Decidida a trazer seus pais de volta a forma humana e sair daquela dimensão, a garota encara problemas do qual jamais sonhou ter, adquire uma coragem além das próprias expectativas e principalmente, aprende a se preocupar com quem está ao seu redor...

É obvil que a historia passa lição de moral, ela fica tão na cara que nem precisa ser citada aqui. Mas como muitos sabem, Miyazaki não faz nenhum trabalho que não tente te apontar alguma coisa até o final, isso pode ser uma experiencia irritante e desnecessária como Mononoke ou uma bela crítica ao pessoal velho de espírito como no Castelo Andante do Howl (do qual eu já falei sobre). Felizmente o mesmo acontece em A Viagem de Chihiro, que consegue ter um roteiro que se sustenta até o final e nunca abre brechas para quem está vendo começar a questionar profundidade dos personagens.


O filme tem uma fluidez impressionante que não é vista somente na animação, tudo ganhou uma cara própria, a maioria dos cenários se assemelham a arquitetura feudal chinesa mesclada com referências da japonesa e é simplesmente muito bonito. Os personagens são bem construídos e logo de cara podemos perceber que escondem muitos mistérios. E... aproveitando que estou falando destes mistérios, vou fazer uma única crítica negativa ao filme, que é sobre o fato de certos personagens parecerem ter uma relação muito maior com o passado da protagonista e no final simplesmente tudo era muito menos complexo do que se imaginava. (ALERTA DE SPOILER ADIANTE): Os dois maiores exemplos disso são Haku e Sem Rosto. Eu juro que desde quando Haku disse para Chihiro que sentia que a conhecia ha muito tempo mas que não sabia porque e levando em conta o quanto eles se tornam íntimos tão rápido eu pensei que ele era algo como um irmão mais velho da garota que morreu afogado (por conta dos flashes de memória de Chihiro) quando ela era pequena demais para se lembrar de alguma coisa e os pais preferiram esquecer o fato para não sofrerem mais e para que a menina crescesse sem traumas. Mas a verdade é que Haku simplesmente salvou Chihiro de um afogamento quando ela era muito pequena, ela simplesmente caiu em cima dele enquanto ele descansava no fundo do rio na forma de dragão. Com certeza a visão que eu imaginei da historia é bem mais tensa, porém podemos levar em conta que algo do tipo não teria um peso suficiente para ser descartado da trama.(ACABAM OS SPOILERS AQUI)


Uma das coisas que mais me chamou a atenção, de fato foi que nenhum personagem é vilão, isso também acontece em vários outros trabalhos de Miyazaki, porém não de uma forma tão legal quanto essa, no princípio, Haku retrata Yubaba como uma velha terrível e maldosa e diz que Chihiro não deve cair nas mãos dela antes de conseguir um emprego, no entanto é a própria Yubaba quem decide no final das contas colocar a garota pra trabalhar na casa de banhos, é claro que ela faz coisas cruéis com o passar da historia, mas temos que levar em conta que ela é uma entidade com muito provavelmente séculos de existência nas costas, logo seu comportamento não admite falhas eu deslizes e nem sequer podemos cobrar um comportamento humano da parte dela. Mas não apenas Yubaba, como quase todos os personagens da história aparentam ser maus no princípio e com o passar do tempo vamos nos acostumando com eles.

A mudança no comportamento de Chihiro com o desenrolar do filme com certeza é o que mais satisfez o público, claro que de certa forma é um pouco estranho ela virar uma heroína valente de uma hora pra outra sem nem ao menos exitar antes de fazer as primeiras loucuras, mas confesso que é bem legal ver uma menina que até alguns dias tinha medo do escuro caminhar em uma calha velha suspensa á vários metros prestes a se soltar para salvar seu namorado/dragão-coisa-lobo/guardião/feiticeiro de levar um chute direto para o inferno dado por sua patroa... que aparentemente não acha grande coisa o fato de ter um DRAGÃO como servo.

Então é isso meus caros, eu espero que tenham gostado desse post, é meio estranho falar desse filme como se ele fosse novo, mas é a melhor forma de se falar sobre ele, para quem já conhece (que provavelmente é a maioria esmagadora) essa é mais uma análise positiva (claro que positiva, não costumo falar de coisas que não gosto) e para quem não viu fica uma ótima recomendação para um fim-de-semana.

Como de costume, deixo o trailer aqui abaixo:




E agora uma notícia sobre o blog:
O Lucas, que até então tinha desaparecido, mas que voltou recentemente me perguntou se eu gostaria que além das postagem corriqueiras ele fizesse posts com histórias escritas por ele mesmo.
Há um bom tempo atrás eu fiz uma votação aqui apontando algumas coisas que poderiam ser adicionadas ao Guardião, a votação foi um fiasco, mas o que eu quero ressaltar aqui é que entre os tópicos tinha a opção "contos". Então, posso dizer que isso apenas foi adiado.
Para o pessoal que curte uma boa leitura isso pode se tornar um ótimo passatempo, já que as historias serão divididas por capítulos que vão durar quantos posts forem necessários.





22 de out. de 2012

Agora é hora de?

   Cara, quanto tempo eu não posto nada, crise de inspiração tava meio tensa ultimamente. Enfim, ninguém está aqui pra ouvir falar dos meu problemas ínfimos, vamos falar de uma coisa beeeem mais interessante. Ela se chama: "O desenho que veio para salvar a cartoon network de se destruir completamente"... Ok, esse não é o nome verdadeiro dele, mas digo isso porque nos últimos anos eu vejo tanto desenho ruim na cartoon que tudo o que posso fazer é lamentar de como a época de ouro dela se foi. (Não tenho tooncast na minha tv).


   Enfim, o desenho está fazendo bastante sucesso ultimamente e se chama Hora de Aventura. Conta a história de Finn, que é o único humano vivo em um mundo pós-apocalíptico devido um evento chamado Guerra dos Cogumelos chamado Terra de Ooo que mora com seu amigo, o cachorro Jake. Jake tem poderes e fala. Sim, isso mesmo. É um desenho animado caramba, o que você esperava?
   Pelo que mostrou até agora, Finn é o único humano vivo, dividindo Ooo com várias criaturas peculiares, como ogros, lobisomens, doces falantes e vários tipos de princesas diferentes. Como todo bom desenho animado, existe um vilão. Este é Rei Gelado que é praticamente um mago solitário e sociopata que mora no Reino gelado com seus pinguins. Este gosta de capturar princesas forçando-as a se casar com ele. Cabe a Finn e Jake, nossos heróis, resgatá-las. 
   Até aí você fica se imaginando o que esse desenho tem de tão especial. Eu respondo: Muitas coisas. Diferente de vários desenhos de hoje, Hora de Aventura consegue ser bobo e engraçado ao mesmo tempo, além de possuir histórias bem boladas que podem afetar episódios futuros e ainda por cima nos surpreende com episódios que mesclam terror e drama. 
   Outro fato interessante, foi que Hora de Aventura desenvolveu um tipo "Cult following" após ficar famoso entre adolescentes e adultos. Acho que isso se deve ao fato do aspecto que eu citei acima. Realmente, alguns episódios surpreendem por possuir assuntos em que você sempre pensa: "Isso não é exatamente recomendado pra crianças."
   Outra coisa que tenho que comentar que foi um alívio para minha visão. O desenho possui traços lindos, originais e detalhados. Diferente desses desenhos modernos que o uso de CG e formas geométricas deixam tudo parecendo amador ou que foi desenhado por uma criança de dez anos (Phineas e Ferb coff coff). Tá aqui a casa deles como exemplo:    


   Bem legal, não é? Agora vamos falar dos personagens. Hora de Aventura possui uma coleção bem... diferente. Vamos começar pelo o primeiro amor de Finn (que não deu certo pela diferença de idade =(, que pena) a Princesa Jujuba: Uma mistura de DNA humano e goma de mascar, (Sim, o nome dela é princesa Jujuba mesmo, mas no original é Bubblegum, que quer dizer goma de mascar. Idiota, eu sei.)  Jujuba comanda o reino doce e sempre conta com Finn quando o reino está em perigo. Ela é famosa por ser uma cientista muito inteligente que pode ser um pouco imprudente com suas experiências. Temos Marceline que é uma vampira que só se alimenta da cor vermelha e uma das melhores amigas de Finn e Jake (minha personagem favorita =D). Lady Íris é uma Íriscórnio (metade arco-íris, metade unicórnio) que fala coreano e é a namorada de Jake. Curiosamente, humano é a comida predileta da raça dela. Outro bem importante, pelo menos nessa última temporada é a Pricesa de Fogo, a atual namorada de Finn. É claro que há muitos outros, mas não quero prolongar o post demais.  

   Se eu tenho mais alguma coisa a dizer é: Assistam. O desenho está na quarta temporada atualmente e já está marcado por enquanto para continuar até a sexta. É praticamente o único desenho que eu vi na cartoon que consegue prender a atenção ao longo dos episódios de várias maneiras diferentes. Conseguindo deixar você meio perturbado pelas suas bizarrices e emocionado com suas envolventes histórias. Aqui, deixo vocês com esse caracol que aparece acenando escondido em algum canto em praticamente todos os episódios 







8 de out. de 2012

1° Aniversário do Blog!

Eu não me lembrava e nem sequer poderia imaginar que HOJE seria aniversário do Guardião, essa postagem é só um lembrete, todo dia 08 de Outubro eu vou fazer uma dessas.
Quem diria, o blog já tem um ano. 
O número de visualizações de páginas é consideravelmente alto, tenho 7 seguidores, um escritor convidado e mais de 60 postagens publicadas. É um bom progresso.

                    OBRIGADO LEITORES! AUGUSTO AGRADECE VOCÊS E DESEJA VIDA                                        
                                                             LONGA AO BLOG!

7 de out. de 2012

Neo-Tóquio Está Prestes a E.X.P.L.O.D.I.R

Olá, como vão vocês?
Umas férias do blog, das pessoas e das preocupações e tudo se resolveu pra mim... não... mentira... mas eu agora tenho paciência pra escrever de novo ^ ^.

Nos últimos meses eu descobri duas coisas muito legais, uma delas é o famigerado Gangnam Style, do qual todo mundo já viu o vídeo, já cantou (ou não) e provavelmente já tentou dançar (ou não), enquanto a outra já foi citada na postagem anterior cheia de bla bla blás que eu fiz (mas que não me arrependo) que é AKIRA.

Sim, AKIRA finalmente ganha vez aqui no blog, e se você não tem a menor ideia do que seja essa obra não se preocupe, porque eu pretendo falar tudo o que sei sobre o mangá e o filme em animação, ambos concebidos pelo grande-todo-poderoso-mestre Katsuhiro Otomo (do qual eu comecei a pagar pau assim que li as primeiras páginas do mangá).

Antes de mais nada, eu não terminei de ler o mangá, isso porque ele tem mais de 2000 páginas e eu percebi que essa postagem não sairia nunca se eu fosse esperar minha leitura terminar, porém eu já passei bem da metade da história e conheço o bastante para fazer uma matéria bem elaborada e sem spoilers (em excesso).


AKIRA foi um marco na história dos mangás, da ficção científica, dos desenhos e da animação. Todos os méritos em um período de tempo relativamente curto pois a franquia ia quebrando tabus e records a cada passo que dava e ainda hoje é considerada uma das maiores obras literárias do mundo.

Mas por que tanta coisa assim?
É bem simples, a história trata de um assunto até bem explorado nos dias de hoje que é o próximo passo da evolução humana, no entanto nenhuma outra história mostrou isso de forma tão tensa e bizarra quanto AKIRA.

Trama:
Toda a historia se passa em 2019 em uma cidade chamada Neo-Tóquio, erguida depois que a Tóquio original foi destruída na III Guerra Mundial por conta de uma explosão colossal que a mandou inteira pelos ares, deixando apenas uma cratera de proporções épicas no local.
Kaneda Shotaro é um Cyber Punk líder de uma temida gangue de motoqueiros, que com sua super-ultra- foda moto modificada mete o terror em Neo-Tóquio, principalmente quando estão perseguindo o bando dos Palhaços (tão ou mais temidos quanto eles). Tetsuo Shima é um dos membros do grupo de Kaneda e melhor amigo do líder, durante um rolê até a cratera do que um dia foi Tóquio (todos acreditam que aquele foi o lugar onde a bomba que deu final a guerra atingiu), os garotos  observam o fim do caminho e decidem voltar ás pressas pela estrada principal porque naquele espaço não restou nada de interessante e o clima que circunda o local causa calafrios de morte, no meio do percurso, Tetsuo acaba atropelando uma criança que cruza seu caminho, no entanto o garotinho sai ileso e a moto de Tetsuo explode. Antes de bater ele lembra apenas de perceber que o menino tinha um número 26 tatuado na palma da mão direita.
Momentos depois surgem alguns soldados no local, o garoto misterioso que além de Tetsuo, só Kaneda viu desaparece e logo depois os homens levam Tetsuo com eles.
Durante algum tempo, Kaneda e o resto da turma ficam preocupados com o amigo, ao ver de repente o mesmo garoto que causou o acidente de Tetsuo, Kaneda decide seguí-lo para acertar as contas e se mete em uma grande encrenca envolvendo um grupo de rebeldes liderado por um homem chamado Ryo e sua "irmã" Kei e um pessoal do governo liderado por um estranho coronel, ambos também estão atrás do menino, que de alguma forma tem a pele toda enrugada como a de um velho e em certos momentos demonstra ter algum tipo de poder tele-cinético.
Kaneda finalmente sai com vida das perseguições e dos tiroteios, e, como prêmio consegue roubar uma pílula estranha que ele identifica como algum tipo novo de droga inventada pelo governo para aquele garoto de pele enrugada, ele a leva para uma garota que trabalha de auxiliar de enfermeira em sua escola e a pede para analisar o comprimido. Depois de criar certas teorias sobre os acontecimentos da noite passada, Kaneda é avisado de que Tetsuo finalmente voltou, mais estranho, porém afirmando que está bem. Para festejar o retorno do amigo, Kaneda propõe uma festa mesmo com Tetsuo dizendo que deve voltar ao hospital de onde saiu.
Quando volta a enfermaria para pegar um saquinho de drogas com sua namoradinha enfermeira, a menina pergunta onde Kaneda conseguiu aquela pílula que a entregou pela tarde, pois ela tem uma composição nunca vista antes, capaz de matar qualquer um que a ingira.
Durante a "festinha" de motoqueiros, a gangue dos Palhaços ataca e um grupo acaba pegando Tetsuo, um sujeito o derruba da moto e logo depois foge junto de sua galera quando o resto do pessoal do Kaneda aparece, um dos caras é pego e Tetsuo começa a espancá-lo com a intenção de matar. Kaneda e Tetsuo discutem.
No dia seguinte, na escola o mesmo coronel que causou tantos problemas para Kaneda na noite retrasada aparece a procura de Tetsuo, que é tirado de sua sala para comparecer na diretoria, logo o "hospital" que o rapaz mencionou era na verdade um laboratório de pesquisas do governo.
Ao virar um corredor, Kaneda vê o general e seus homens andando com Tetsuo em direção a saída, ao ver o general, Kaneda sai em disparada começando uma nova perseguição, enquanto Tetsuo é levado de volta para o laboratório para continuar com uma estranha bateria de exames, Kaneda procura chegar próximo a fonte de uma explosão e se encontra de novo com o grupo de oposição ao governo e depois de algumas discussões consegue o direito de fugir com eles (tentando assim conseguir alguma informação).
Durante a noite, Tetsuo começa a sofrer de terríveis dores de cabeça, e aos poucos seu raciocínio vai decaindo até o ponto em que ele simplesmente sai de sua sala e mata um guarda rasgando-o ao meio com tele-cinese, fugindo logo depois. Além de Tetsuo existem mais três pessoas naquele lugar que desenvolveram o mesmo tipo de poder, porém em escalas menores, elas se parecem com crianças, porém enrugadas por causa do efeito das drogas que eram usadas para inibir a evolução constante de suas habilidades e também para curar as intensas dores de cabeça causadas pela potencia de sua tele-cinese, estas crianças são Masaru(número 27), Kiyoko(número 25) e o menino que causou o acidente de Tetsuo, Takashi(número 26), Tetsuo acaba sendo considerado o número 41.
Uma vez livre, com dores de cabeça insuportáveis, com sua sanidade diminuindo cada vez mais e desenvolvendo poderes psíquicos impressionantes, Tetsuo começa a se tornar alguém terrivelmente perigoso, principalmente depois que descobre que não é o primeiro a ameaçar a segurança de uma cidade inteira e consequentemente do mundo, não antes... do lendário Akira.


Durante vários momentos a historia passa pelos nossos olhos como um filme, levando em conta agora a parte técnica do mangá, Katsuhiro Otomo conseguiu se destacar como um profissional único do gênero, seus desenhos simplesmente são lindos, os personagens fogem de qualquer padrão que se conhece sobre mangás, algumas vezes parecem caricatos, mas isso apenas deixa suas expressões mais bem trabalhadas. Todo o jogo de luz e sombra é invejável, o nível de detalhismo das páginas deixa qualquer um de queixo caído (o cara ilustra a mão uma cidade inteira vista de cima, acidentes de carros onde  podemos ver desde o vidro até o motor e o banco do carro se destroçando, a parte de dentro de muitos edifícios entre outras coisas mais variadas), como eu disse antes, a expressão dos personagens é muito boa, o interessante é que eles são muito simples, seus rostos, cabelos e olhos são desenhados de forma bem parecidas (com excessão dos personagens velhos), o que dificulta um pouco para diferenciar no início homens de mulheres.

A forma como a trama é contada nos envolve de maneira bem mágica, algumas vezes ela se mostra meio cansativa por ter muitas perseguições, tiroteios e explosões, mas tudo acaba sendo compensado com uma ou duas cenas de batalhas e diálogos reveladores que mudam toda a visão da história.

Todos os personagens (que conseguem ficar vivos pelo menos) acabam crescendo com o passar do tempo, não só fisicamente, mas sua forma de comportamento, vemos personagens covardes se tornando corajosos, heróis se tornando vilões, "uma garota que queria apenas sobreviver se tornando uma heroína durona", o punk que pensava apenas em si mesmo demonstrando que pode ser leal com os amigos em momentos críticos e assim por diante. Cada personagem desenvolve características sutis ao longo do roteiro que uma hora ou outra paramos para pensar e vemos o quanto eles estão diferentes (geralmente com a mesma meta, porém diferentes).

Toda a ambientização do mangá é convincente. Tudo bem, 2019 não vai ser assim de jeito nenhum, porém o que eu quero dizer é que a tecnologia parece de fato funcionar, não é como se tudo estivesse lá para enfeite (mesmo que esteja). Mas temos que levar em conta que AKIRA foi escrito em 1982 e só foi terminar em 1990, nessa época tinha gente que pensava que nos anos 2000 os carros já flutuariam, Otomo ousou ao criar um futuro onde a maioria das coisas não pareceu ter exatamente evoluído mas sim ganhado um novo visual, uma performance melhor, a moto de Kaneda é um bom exemplo, ela é bem futurista, mas as motos do resto do pessoal da sua gangue parecem bem normais, no filme é dada a desculpa de que ele "customizou" ela para ser usada direito apenas por ele, enquanto que no mangá nunca foi explicado porque a moto de Kaneda era tão diferente, mesmo que em ambos o personagem tenha um grande xodó por ela.

AKIRA faz algumas alusões as coisas que de fato vivemos na nossa realidade, o curioso é que a obra não tem um conteúdo filosófico sofisticado e muito menos super profundo, algumas coisas são postas em jogo como o fato de que o homem se importa mais com seu status e glória do que de fato usufruir de novos conhecimentos e que por conta disso deixa de dar importância a coisas pequenas mas que já poderiam ser consideradas fascinantes. Depois de um tempo de leitura (ok... depois de muito tempo) começamos a nos perguntar se os personagens estão realmente exercendo seu devido papel na trama, pois de fato ninguém é bonzinho na historia, mas mesmo assim ambos os personagens tem suas próprias justificativas para se intrometer em um assunto tão delicado quanto aquele, seja algo particular ou um dever abrangente como salvar o Japão e o mundo.

A realidade vivida pelos personagens é bem crua, Neo-Tóquio é um lugar perigoso, sujo e muito estranho, as drogas imperam, sempre aparecendo como as famosas cápsulas de cor vermelho e branco (ou seria amarelo? Não me lembro), os personagens que compõem a gangue de Kaneda não as usam como uma válvula de escape porque suas vidas em si já são uma válvula de escape, as drogas apenas intensificam isso


E depois exercem um papel ainda maior quando passam ser a válvula de escape para as dores de Tetsuo.


Falando agora sobre o filme.
O filme foi feito em 88, dirigido pelo próprio autor do mangá, conseguiu se tornar um épico mundial, foi transmitido aqui no Brasil pela Locomotion e posteriormente pela Band, ambos com dublagens diferentes, atualmente eu não sei se a TV a cabo o exibe.
A questão é que mesmo eu assistindo ao filme e achando ele muito bom, tive que considerar que foi muito mais do que uma versão "reduzida" do mangá, o filme AKIRA é praticamente uma recontagem da mesma historia, muito, mas MUITO mais simples, com um apelo sentimental e psicológico mais bem explorado e uma mudança radical no comportamento e personalidade de cada personagem. Kaneda ja começa como um rapaz mais heroico e menos retardado, Kei é praticamente a donzela em perigo, Akira não existe mais (COMO ASIIIIIIIIIIIM!!!?), Lady Miyako é apenas um fanático religioso que se parece com ela, Tetsuo sempre quis a moto do Kaneda ...,...,... etc.
E mesmo assim a animação é uma das melhores que eu já vi, como um filme de 1988 podia ter uma animação tão fluida? Contar uma história tão séria e sangrenta?
Não é atoa que consideraram tanto o trabalho AKIRA como um todo uma das maiores obras cinematográficas e quadrinizadas de todos os tempos.

Ok pessoas, acho que a postagem está chegando ao fim, mas antes eu ainda tenho uma surpresa aqui.
O filme AKIRA está disponível no You Tube.
O que eu encontrei foi postado por XNerdBr, então todos os créditos pelo upload do filme vão para esta pessoa. Se não me engano a dublagem usada é a da Band, ela não é das melhores mas tem seus momentos.
Eu vou postar o filme aqui, ele está completo e tem 2hrs e 17 min, é um filme relativamente longo, mas eu garanto que vale a pena, para quem assistir e gostar eu aconselho a ler o mangá quando tiver a chance, ele vai muito mais além da animação. Não recomendo se você tiver menos de 16 anos e nem se for do tipo que se impressiona fácil.




Assista em tela cheia ou vá direto para o You Tube clicando no ícone que fica na parte inferior do player