Páginas

15 de set. de 2013

Amnesia: A Machine for Pigs - O que eu achei do jogo

Quando cheguei ao fim da postagem sobre Outlast, ja estava terminando Amnesia: AMfP, e agora vou fazer uma análise do jogo e explicar o porquê, na minha opinião, de ele ter ficado na sombra do primeiro.


Quando Amnesia: The Dark Descent saiu em 2010, ele foi um divisor de águas do gênero terror, tendo algumas semelhanças com o jogo Call of Cthulhu: Dark Corners of the Earth por conta de ser em primeira pessoa, possuir o comando de inclinar a cabeça para os lados para observar corredores sem se expor completamente e o clima Lovecraftiano dos cenarios. 
O que mais chamava a atenção no entanto é que Amnesia havia sido desenvolvido para proporcionar uma experiencia assustadora nunca vista antes, com um sistema de sanidade e a necessidade racionar óleo para a lanterna, fósforos e raros frascos de bálsamo para nos curarmos.
A historia era realmente interessante e contada de forma quase invertida através de papéis que conseguíamos espalhados pelo castelo, você começava lendo sobre os experimentos de Alexander, depois sobre a esposa dele, por fim eram as anotações de Daniel e como o plano de Alexander funcionava. No final, com um pouco de atenção a trama se fazia redonda e bem trabalhada.

Eu não queria comparar A Machine for Pigs com o The Dark Descent, mas percebi que seria necessário, já que este segundo jogo não compensou certos elementos que perdeu do primeiro, mas manteve detalhes que o fazem parecer mais uma DLC do que uma sequencia.

Oswald Mandus é um genioso homem dono de uma industria de carne, depois de acordar ainda se recuperando de uma doença que pegou enquanto viajava a negócios para o México, percebeu que estava sozinho em sua mansão, e seus filhos haviam desaparecido, Mandus então é frequentemente contatado por um homem que o dá informações através dos telefones da casa, ele lhe diz que seus filhos estão no subsolo, quase afogados em uma das câmaras da máquina que descansa lá em baixo, reativando os motores da máquina (que aparentemente foi sabotada), ela volta a funcionar e utilizar esta água, assim Mandus poderá resgatar suas crianças. 


Agora, vou começar falando dos prós:

*Graficamente falando o jogo ainda é ruim, o que não me incomoda nem um pouco, já que a ambientação é fantástica e isso é o que importa.
Ambientes escuros e cheios de ruídos macabros, névoa em algumas partes e o grande estrondo da máquina trabalhando no subterrâneo, não é difícil entrar no clima noir do jogo.  


*Os controles são os mesmos que o do primeiro jogo, simples e de boa resposta, você pega o jeito em 3 minutos e nunca mais tem problemas.
Andar, correr, se abaixar, andar abaixado, pular, mover objetos e espiar para os lados (Tio Zangado Style).

*A historia é comovente em certos pontos, e faz o jogador refletir um pouco sobre arrependimento e perdão.
A dublagem ta melhor do que no primeiro, e não da pra evitar ficar meio triste com algumas frases poéticas do protagonista.

*Trilha sonora fantástica!
As musicas assustadoras continuam no mesmo nível brilhante, mas agora temos algumas canções líricas que arrepiam a nuca.

*A parte industrial do cenário é toda steampunk.
Steampunk é vida.

Contras (e os porquês de serem tão negativos):

*A historia do jogo é toda mastigada e jogada da cara do jogador.
Enquanto o primeiro era um jogo onde os mais eufóricos não entendiam nada por necessitar de paciência e concentração, A Machine for Pigs vai bater na mesma tecla várias vezes, o jogador encontra cartas e mais cartas explicando de forma pomposa como tudo funciona, sem dar chance para nenhum mistério que não seja fácil de se decifrar já na metade da campanha, e o protagonista vai fazer uma anotação sobre tudo de novo que encontrar, isso faz com que não precisemos tentar descobrir detalhes nem nada do tipo.

*Obsessão por porcos.
Se eu ganhasse um centavo a cada vez que a palavra porco, um trocadilho com porco ou uma referencia a porcos fosse feita nesse jogo, eu ja teria mais de um real... ..... >.< (bela merda). A questão é que isso fica muito estranho, é como se estivessem fazendo propaganda de alguma coisa, não soa natural, nem mesmo vindo de Mandus, que de fato tem(ou tinha) uma obsessão por porcos.

*O terror fracassa miseravelmente, e na melhor das hipóteses ele é... bom.
Eu não sei qual foi a ideia da desenvolvedora (The Chinese Room) em colocar inimigos tão fracos no jogo. O que você encontra aqui são criaturas semelhantes ao Grunts e Brutes, a diferença é que são homens-porcos, e... são bonitinhos... BONITINHOS!. Eu senti pena das criaturas o jogo inteiro, elas não te perseguem, apenas ficam patrulhando alguns cenários e caso o jogador as ilumine elas avançam em sua direção, mas basta correr e se agachar em qualquer canto escuro que eles já desistem, sem falar que são menores do que Mandus e precisam de uns 4/5 golpes para matá-lo. Mesmo assim, você pode levar alguns sustos com eles quando ve suas silhuetas ou quando fica esperando um passar por você sem que te veja. Aqui, não existe um mau maior também, apenas os homens-porcos.

*O jogo tenta te assustar de forma barata e fútil.
Depois de um tempo, você percebe que a presença dos monstros causa interferência na iluminação do cenário, isso foi um truque muito legal por parte da desenvolvedora, mas claramente não foi bem utilizado. Imagine que você está andando cautelosamente por túneis cheios de ruídos sinistros e antes de virar em qualquer direção ou subir uma escada sua lanterna começa a oscilar como louca. Você pensa: -tem um monstro por perto, é melhor eu me agachar e andar com todo o cuidado possível-. Mais então, depois de um tempo, você percebe que não é nada, foi apenas o jogo te trollando, e provavelmente você vai repetir isso umas três vezes antes de perceber que nunca dá em nada e vai começar a ignorar quando a lanterna oscilar antes de virar corredores ou subir/descer escadas. 

*A The Chinese Room tentou criar uma historia mais comovente do que assustadora, mas a falta de profundidade dos personagens faz com que nenhum dos dois funcione corretamente.
Como citei lá em cima nos prós, o jogo tem momentos tocantes, ele se trata principalmente sobre um amor paterno, o problema é que tudo o que sabemos sobre Mandus é o que lemos nas cartas do jogo, e tudo o que o personagem faz em termos de interação na história é dizer o quanto ele quer resgatar seus dois filhos e vai descer até o inferno se for preciso para isso. Mas nós não sabemos quem é Mandus, mesmo até o final do jogo quando já sabemos todos os segredos da trama, ele ainda nos parece um completo estranho, resta apenas ficar triste por ver o quanto ele realmente se esforçou por seus pequenos e o quanto isso prova que ele os ama. Psicologicamente, os cenários não dão medo, a menos que você tenha medo de canos, não vai achar nada pesado como equipamentos de tortura, cadáveres dependurados ou uma quantidade insana de sangue, apenas escuridão, máquinas e sangue, ao todo ainda é bacana, mas não dá medo.

*Não há sobrevivência e nem nervos-a-flor-da-pele.  
Sua sobrevivência se resume a avançar pelo jogo, nada de insanidade, nada de óleo para a lanterna, nada de fósforos para acender tochas ou velas, nada de interação com móveis grandes para se esconder, nada de inventário (consequentemente nada de misturar itens) e nada de preocupação. No final é isso, você apenas avança, levanta alguma coisa usando o mouse e sai levando ela até outra parte do cenário. Fique no escuro (que nem é tão escuro assim) o quanto quiser, enrole em certas partes o quanto quiser e não tenha medo de ser perseguido.


No final, eu ressaltei tantas coisas negativas quanto a esse jogo... mas isso aconteceu porque o comparei com o primeiro, as revews mundiais deram notas altas pra ele, isso porque avaliaram como um jogo diferente, mesmo que tenha o mesmo motor gráfico e jogabilidade semelhante, depois de terminar A Machine for Pigs, a conclusão que cheguei é que se não tivesse jogado The Dark Descent, provavelmente teria considerado ele um grande jogo de terror, mas agora o melhor que posso dizer é que ele é bom.
Se você conseguiu terminar o primeiro numa boa, esse aqui vai ser um passeio no parque e se você se cagou de medo do primeiro, esse aqui vai dar bons sustos, simples assim.  












Nenhum comentário: