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21 de mar. de 2012

O Mundo Surreal é Mais Perto do que Parece

Olá a todos... fiquei muito tempo sem postar e peço desculpas, mas a culpa não foi minha... pelo menos não a maior parte dela.
Acontece que fui amaldiçoado com o pior dos encantos do mundo virtual:

Fus Ro Dah!!!!!!
Se a foto não foi auto-explicativa para você não se preocupe. Quero dar uma pequena explicação, mesmo que o post não seja sobre isso.

Skyrim é o quinto título da espetacular série The Elder Scrolls, e mesmo tendo certas "podadas" no desenvolvimento do personagem em comparação aos anteriores ainda consegue ser o melhor título da franquia.
Não quero falar do roteiro, talvez mais pra frente, mesmo que não tenha o costume de falar de jogos aqui, acho que Skyrim vale a pena.
Basicamente falando então, é um game onde criamos um personagem mais ou menos ao nosso gosto, andamos por um mundo imaginário nórdico de 22km quadrados enquanto enfrentamos todos os tipos de perigos como animais selvagens, ladrões, assassinos e até mesmo Dragões. Aliás os dragões tem um papel importantíssimo no desenrolar da história, que vai sendo descoberta através de missões primárias que o personagem vai fazendo, contando ainda com ótimas missões secundárias e infinitas terciárias.

Me pergunto a cada dia como vou matar o Alduin (imagem acima), já que o maldito parece ser indestrutível.

Mas falando de outro assunto agora, jogar Skyrim me fez lembrar de um tema que sempre me intrigou e também me interessa muito que é: viver em um mundo paralelo artificial

E não... eu não estou falando de alienação

O assunto desta postagem será um filme que remete a este tema, provavelmente um filme considerado péssimo para pessoas que procuram "significado" em tudo e consideram o cérebro apenas uma máquina de processar informações lógicas, mas que com certeza é amado por fãs de coisas abstratas e "imaginárias".

                                                   Sucker Punch - Mundo Surreal


Quem nunca imaginou o mundo como um lugar mágico e cheio de ação quando era criança? Vendo algumas coisas se transformarem em outras e criando situações exageradas cheias de risco em uma simples brincadeira de esconde-esconde?
Mas o que aconteceria se uma pessoa criasse um lugar tão complexo e muito mais legal em sua mente do que esse em que vivemos? E se a vida real desta pessoa fosse um verdadeiro inferno? Em qual dos dois lugares seria melhor ficar?
Neste filme maluco criado por Zack Snyder (o mesmo de 300) os personagens não tem um nome lógico, mas sim uma espécie de apelido criado pela protagonista Babydoll (o nome dela também não é revelado).
O filme começa com o padrasto da garota tentando abusar de sua irmã mais nova, Babydoll pega um revolver no quarto do velho e em um surto de raiva atira nele ao vê-lo se aproximando de sua irmã, o problema é que a menina nunca atirou na vida e está muito nervosa. Errando o tiro e assim matando sua irmãzinha, o padrasto vê uma grande oportunidade única de por as mãos na fortuna que sua falecida esposa deixou para Babydoll e a interna em um sanatório no dia seguinte.
Os problemas apenas começam para a pobre menina, que está com os dias contados para passar por uma sessão de lobotomia (praticamente uma operação que leva a pessoa a um estado forçado de vegetação) agendada pelo próprio padrasto.
Sem saída ou qualquer outra alternativa concreta, Babydoll se fecha em sua própria mente, criando um mundo paralelo e transformando suas emoções e vontades em objetos ou até mesmo pessoas.

Para começar, o sanatório se transforma em um bordel (não me pergunte por que) e ao invés de paciente, Babydoll se torna uma menina abandonada obrigada a ser aspirante a prostituta, que até atingir idade para trabalhar como as outras meninas terá apenas que dançar e agradar os clientes como em um show de entrada.

Até então o filme é apenas confuso, a impressão que temos é que a mente da garota não é uma válvula de escape tão precisa, mas é quando percebemos que Babydoll tem um plano para escapar daquele lugar que notamos que o bordel é apenas uma espécie de bloqueio mental que ela precisa superar para aproveitar um mundo novo e livre fora das paredes do sanatório. Mas é durante o primeiro ensaio de dança da menina que vemos o que sua mente é capaz de fazer. Ela curiosamente, por estar transformando uma realidade em outra dentro de sua cabeça, não pode alterar a dificuldade das coisas, apenas suas aparências, então se o teste é dançar, Babydoll apenas cria uma outra camada de imaginação por cima, como por exemplo uma missão de invasão a um castelo com o intuito de roubar um ovo de dragão, se a missão é concluída com êxito, ela apenas se vê parada com pessoas aplaudindo sua fabulosa performasse de dança, no entanto entendemos que os erros durante a missão são como passos errados e se ela falhar sua ação no mundo do bordel e consequentemente no mundo real também falha.

Junto de Babydoll vemos quatro meninas, todas vistas no início pela protagonista ao entrar no sanatório, estas são: Rocket, Blondie, Sweet Pea e Amber, provavelmente pessoas que Babydoll quer muito ver livres também. Com a ajuda de uma espécie de protetor misterioso que se manifesta em cada "set" da imaginação de Babydoll as cinco garotas tentam a todo custo se libertar de seu destino cruel no hospício.

Agora com uma boa introdução a trama, quero falar um pouco sobre o filme em geral e o que achei dele.
Lição de moral o filme não passa nenhuma, e se passa é bem leve, tudo o que vemos nele faz relação apenas as personagens mostradas e nada mais, todas as situações que elas vivem são extremamente improváveis até mesmo para loucos. No entanto isto não significa que ele passa todo em vão, ao contrário, ele serve principalmente para nos mostrar como nossa imaginação é preciosa e como pode chegar a níveis extremos, é só prestar atenção nos detalhes (e assistir mais de uma vez, porque o final é meio confuso), as personagens protagonistas são muito carismáticas e/ou profundas, curiosamente com exceção da Babydoll, que propositalmente ficou meio superficial, não falando uma única palavra até uma certa altura do filme e mais curiosamente ainda é impossível tirar os olhos dela, não apenas por sua beleza, mas por seu papel na trama ser tão importante, as vezes penso que se Babydoll fosse muito carismática ela iria ficar deslocada no meio de tudo aquilo.
A produção é simplesmente de tirar o fôlego, a historia se passa na década de 50 e começa com um clima sombrio que depois se torna mais padrão, isso até vermos a primeira cena de ação entre Babydoll e uns Samurais zumbis gigantes (homenagem a Onimusha) que simplesmente esbanja efeitos especiais da melhor qualidade.
Um ponto que não consegui deixar de notar são as referencias a outros filmes e até mesmo games que foram simplesmente homenageados da melhor maneira pelo diretor como Medal of Honor, Onimusha, Star Wars, Senhor dos Anéis e eu até ouvi alguma coisas sobre Dragon Ball, embora não tenha percebido nada (pena).
Muitas vezes ficamos pensando se o que Babydoll está fazendo realmente tem algum sentido, e isto não apenas os espectadores pensam como também as outras personagens do filme, principalmente Sweet Pea, que nunca acredita no sonho de liberdade da jovem.

O visual das personagens varia, tirando as camisas de força que usam no mundo real, seus vestuários vão de trajes sensuais de dança e roupas casuais até uniformes customizados, como é o caso da Babydoll na foto ao lado que usa uma roupa de colegial que não fornece a menor proteção e me fazendo mais uma vez me lembrar de personagens de anime.
Cada uma das quatro é especialista em algum tipo de arma, variando de lança-foguetes a katanas e metralhadoras, o que parece ser o equipamento mais eficaz contra nazistas armados até os dentes, aviões portando bombas, robôs programados para matar e dragões enfurecidos com hálito de fogo.

Acho que tudo o que tinha de dizer sobre este filme já foi dito aqui, o resto é apenas vendo para entender. Em nenhum momento Sucker Punch me decepcionou, o roteiro foi completamente imprevisível do começo ao fim, as cenas de ação simplesmente me fizeram vibrar com adrenalina e as atuações foram impecáveis, no entanto repito o que disse antes, não é recomendável para quem gosta de ver sentido em tudo, podemos perceber com clareza que tudo o que é mostrado neste filme veio da mente do diretor e nada mais, ele com certeza estava louco de vontade de fazer algo relacionado ao psicológico e nos mostrar o quanto a imaginação pode ser impactante a ponto de prender alguém do começo ao fim na cadeira apenas com o imaginário.    

E deixo aqui por fim a cena da primeira luta de Babydoll... até mais!


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