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25 de mar. de 2014

Não é assassinato, é sobrevivência

   Para mim, videogame sempre foi, mas ultimamente está sendo cada vez mais reconhecido como arte ao invés de uma simples forma de entretenimento. Se você discorda dessa ideia, convido você a pensar duas vezes. 


   The Last Of Us é um jogo em terceira pessoa com elementos survival horror (não, o jogo não dá medo) desenvolvido pela magnífica Naughty Dog, mesma desenvolvedora da saga Uncharted e, acredite se quiser, Crash (aquele jogo do play 1 da raposinha sorridente). 
   TLOU se passa em um mundo pós-apocalíptico, em um mundo desolado por uma mutação causada por um fungo chamado cordyceps, que na verdade é um fugo real que assola diversos tipos de inseto. Se você quer ter uma noção de como esse fungo age e como o hospedeiro fica após ter sido completamente dominando, sugiro que realize uma rápida pesquisa no google. Você não vai ser arrepender, é bem legal. 
   Enfim, não vou perder meu tempo falando sobre o fungo em si porque essa não é a ideia do post.
   O jogo começa mesmo, em Boston, narrando a história do protagonista Joel, que perdeu sua filha vinte anos atrás em uma cena de partir o coração. Joel é um homem amargo, que não superou a morte da filha e vive dia após dia apenas com o intuito de sobreviver, nada mais. Junto com sua parceira Tess, ele trafica armas neste mundo cheio de seres infectados, bandidos, quarentenas, grupos militares que aplicam rigorosamente uma lei contra os infectados e até mesmo uma milícia rebelde que se denomina Vaga-lumes. Ingredientes que não podem faltar em uma boa e velha história aonde o mundo é um lugar completamente arruinado.

   

   Tess diz a Joel que um certo infeliz roubou algumas armas deles (que também são roubadas) e o convence a ir atrás do indivíduo que eles descobrem mais tarde que entregou as armas para Marlene, a líder dos Vaga-lumes. Vários eventos ocorrem e culminam no encontro de Joel e Ellie, a outra protagonista. Ellie é uma adolescente de catorze anos que parece a Ellen Page e que nasceu e cresceu no mundo pós-fungo e sabe muito pouco sobre o anterior, aonde as crianças de sua idade frequentavam escolas, passeavam no shopping, roubavam dinheiro dos pais para poderem se embebedar entre outras aventuras da juventude.
   Marlene, propõe uma oferta a Joel e Tess. Ela diz que se eles entregarem Ellie para um grupo de Vaga-lumes no centro de Boston, devolverá em dobro a quantia de armas roubadas. Relutante, Joel é convencido por Tess a aceitar a missão e assim a jornada se inicia, onde logo depois, é descoberto que Ellie é uma infectada que não foi transformada em um ser mutante como os outros por alguma razão e acredita que sua imunidade pode resultar em uma cura para a raça humana.

O mais interessante de The Last Of Us não é o maravilhoso e detalhado mundo em qual a história foi desenvolvida, e sim o seu lado humano, influenciado por livros como A Estrada de Cormic Mccarthy e filmes como Extermínio, dirigido por Danny Boyle. Basicamente, ao longo do jogo, Joel e Ellie estabelecem um laço extremamente forte e podemos perceber que a garota começa lenta e implicitamente, a se tornar substituta de Sarah, falecida filha de Joel. Os dois não são lá grandes amigos no começo do jogo, mas logo percebem de que a presença um do outro se torna essencial para poderem sobreviver ao horror de viver em um mundo como aquele, aonde Ellie aprende, precocemente, que você simplesmente precisa não apenas fazer decisões e escolhas difíceis, mas também entender que para você poder sobreviver, outros devem morrer. É aí que jaz o aspecto mais forte do jogo na minha opinião. Os personagens são extremamente bem desenvolvidos e são capazes de demonstrar suas emoções de uma forma demasiadamente humana, capaz de entreter, chocar e emocionar o jogador ao longo da campanha. Tudo isso turbinado com as maravilhosas dublagens realizadas por grandes nomes como o Troy Barker (Catherine, Bioshock Infinite), Nolan North  (Uncharted, Deadpool) Ashley Johnson (Ben 10 e... Ben 10) entre outros. 
   Outro aspecto interessante de The Last Of Us é que ele consegue realizar algo que poucas histórias pós-apocalípticas conseguem, que é acertar em cheio ao mostrar a verdadeira natureza humana. No jogo, é difícil definir quem é bom e quem é ruim. As pessoas são diferentes e reagem as situações extremas de formas diferentes, coisa que faz você pensar duas vezes antes de apontar e dedo e fazer acusações e o final é a plena representação desse dilema. O jogo termina com um ar melancólico, mas realista que deixa você coçando a cabeça e se perguntando "quem está correto e quem está errado?". 

   Em questão aos aspectos físicos, The Last Of Us merece aplauso. Tudo foi desenvolvido com o máximo de cuidado e dedicação. 
   O mundo é diversificado e detalhado, levando você a esgotos, cidades abandonadas entre outros locais cobertos de vegetação, demonstrando que a natureza clamou o que é dela por direito. 
   A dublagem, como citei é poderosa e impecável. 
   A trilha sonora é magnífica, composta pelo talentoso Gustavo Santaolalla que compôs a trilha sonora de diversos filmes de sucesso, como Biutiful, Brokeback Mountain, Babel e diversos outros. 
   A jogabilidade é pratica e tudo responde muito bem. Ela utiliza o aspecto "survival" de forma inteligente, que faz você ter cuidado com seus mantimentos e fazer estratégias para não ser destroçado pelas criaturas e outros inimigos. 
   Sim, TLOU é sem dúvida um dos melhores jogos que eu já joguei e um dos melhores já feitos, bem sucedido em praticamente todas as suas tentativas, provando que um jogo é sim uma forma de arte para ser levado a sério e que videogame é uma excelente ferramenta não apenas para testar as suas habilidades, mas também é uma plataforma para se contar uma boa história. Coisa que Beyond Two Souls falhou miseravelmente, mas esse assunto talvez fique para outro dia xD.

   A Naughty Dog não se satisfez com apenas um jogo, decidindo ampliar ainda mais seu universo, com um uma sequência sendo considerada, uma dlc, uma HQ, um documentário e agora um filme sendo criados. 
   A Dlc chamada "Left Behind" e conta a história de Ellie e sua Amiga Riley, em que os eventos ocorridos se passam antes dos acontecimentos do primeiro jogo. A Dlc também é excelente, expandindo ainda mais o personagem da Ellie e suas relações. A história narra um encontro das amigas em uma zona de quarentena e possui os mesmos aspectos positivos do jogo em relação a história e a jogabilidade.

   A HQ se chama American Dreams, que foi lançada antes da Dlc mas conta os eventos anteriores aos acontecimentos desta. A HQ tem apenas quatro edições e infelizmente eu só encontrei em inglês, mas ela foi escrita pelo roteirista do jogo, Neil Drukmann e desenhada pela artista Faith Erin Hicks, criadora de uma webcomic chamada de "Demonology 101" e vale a pena dar uma conferida se você entende a língua.
   Um documentário sobre os bastidores do jogo foi lançado em 2014, com o nome de "The Last Of Us: Grounded" e conta sobre o processo criativo, a dublagem, a trilha sonora e cobre até mesmo outras informações curiosas.

   O filme, que foi anunciado dia 06 de março de 2014, vai ser produzido pelo mestre Sam Raimi (Homem-aranha, Uma noite alucinante, Arraste-me para o inferno) e será escrito por Neil Druckmann, que como já citei, é um dos diretores e roteirista do jogo. De acordo com Neil, o filme adaptara o mesmo enredo do jogo e promete ser a melhor adaptação cinematográfica de videogame já feita, que, cá entre nós, não deve ser uma tarefa muito difícil de se realizar.

   Bom companheiros, por hoje é só. Espero que tenham curtido esse humilde texto a respeito de um dos jogos mais aclamados e respeitados atualmente. Como um bônus, vou deixar o link do citado documentário, que dá para ver completo no youtube no canal ofician da PSN (Ps: Só para quem entende inglês.)





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