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13 de out. de 2011

Vida de Mangaká não é Fácil

Embora eu me considere um Mangaká, tenho que admitir que minha rotina não é nem de um por cento do que os japas vivem com esse trabalho.
Em 2008, Tsugumi Ohba e Takeshi Obata (os mesmos de Death Note) lançaram Bakuman (não confunda com Baku"G"an, que passou na globo), um mangá com o tema direcionado a mangakás, mais precisamente Moritaka Mashiro (desenhista) e Akito Takagi (roteirista), dois amigos que decidiram ingressar no mundo dos quadrinhos preto e branco e ganhar a vida da arte por uma promessa de provar que é possível começar do zero entre "tantos iguais" e se destacar mesmo assim com algo novo.


Quando comecei a ler Bakuman, pensei que seria uma espécie de mangá-manual, do tipo "um mangá que ensina a desenhar", mas logo que conclui o primeiro capítulo percebi o quanto aquela obra tinha a mostrar além de "molhe a ponta do pincel no nanquim e risque verticalmente".

Tudo começa realmente do zero, com Moritaka Mashiro ainda um amador (mesmo sendo promissor), ele não interessa em se tornar um desenhista profissional como seu falecido tio e aparentemente quer ter o futuro que seus pais desejaram para ele, entrando em uma empresa e fazendo uma carreira comum (rotina de muitos japoneses), logo, ele desenha pouco e estuda muito.
As coisas começam a mudar quando conhece Akito Takagi, que mesmo sendo o aluno mais inteligente da 9° série, não se interessa em ter uma carreira empresarial, mas sim poder escrever e publicar suas idéias de algum jeito. Ele e Mashiro começam a se falar depois de uma discussão, Takagi encontra o caderno de Mashiro embaixo da carteira depois da aula e começa a ver os desenhos que este fez nas últimas folhas, ele fica impressionado com o desenho de Miho Azuki, uma garota por quem Mashiro é apaixonado a anos mas nunca teve coragem de se declarar (na verdade eles nunca sequer trocaram nenhuma palavra). Mashiro fica irritado por saber que algém havia visto um desenho tão confidencial, ainda mais um aluno com quem nunca teve companheirismo. 
Mas ao invés de Takagi chantageá-lo (o que deve ser comum em colégios japoneses), ele o incentiva a desenhar mais, e insiste na ideia dos dois fazerem um mangá juntos, mesmo que isso não renda em nada. Mashiro faz os desenhos enquanto Takagi entra com o roteiro.
É claro que alguém tão pé no chão quanto Mashiro não concorda de primeira com a ideia, mas de tanto seu novo "amigo" insistir ele começa a pensar no assunto. O garoto só começa a desenhar de verdade quando Takagi lhe faz um telefonema a noite e diz que esta esperando na frente da casa de Azuki, ao chegar, é desafiado e forçado a tocar a campainha e falar com a sua amada pela primeira vez, no meio de uma conversa envergonhada e arrastada (pense na Hinata quando vê o Naruto, agora pense em duas Hinatas desse jeito conversando uma com a outra), Mashiro acaba perguntando aos gritos se ele conseguisse se tornar um Mangaká a garota se casaria com ele. Ela fica ainda mais vermelha e entra correndo, segundos depois o interfone liga e Azuki confirma, dizendo que é uma promessa e eles só vão se ver depois que ela dublar o Anime de algum mangá famoso de Mashiro.



                                                      

Parece loucura, mas isso empolga, e muito. Na verdade nunca fiquei tão empolgado para saber o que ia acontecer mais tarde numa historia quanto nessa. Não preciso nem falar que Mashiro começa a se dedicar em se tornar um mangaká profissional e conseguir ver Azuki de novo.


Bakuman mostra com precisão e impacto a rotina que os desenhistas de quadrinhos vivem no Japão, acordar cedo, dormir tarde, comer pouco (por falta de tempo), perder parte da vida social, ganhar pouco, se irritar fácil, dificuldade para se criar algo original e muitas outras coisas bizarras pela qual eles passam. Mesmo assim... é fantástico ver a determinação dos protagonistas, que se tornam melhores amigos rapidamente.
Esta historia deu um UP na minha determinação para me tornar um Mangaká, mesmo que seja muito difícil. Eu não quero ser apenas um desenhista de fanzines (nada contra esse pessoal), quero ser visto como mais do que um fã, Bakuman me inspirou e inspira até hoje.

Por se tratar de um mangá feito pelos mesmos gênios que criaram Death Note, acho que a parte dedicada a falar do traçado não vai ter muitas surpresas, afinal de contas... bom... de uma olhada nas imagens acima e tire suas próprias conclusões, já que é um desenho extremamente original, feito com linhas arredondadas e simples mas com um efeito incrível.


Mas além do traçado, uma coisa que foi levada mais (muito mais) a sério é o cuidado que os autores tiveram com os detalhes. Isso mesmo, os detalhes. Se parar pra pensar por um segundo vai se lembrar que o que deixou Death Note tão louco foram os detalhes atribuídos ao longo da trama, o que fez parecer uma espécie de jogo de tabuleiro da vida. E desta vez não é diferente, como por exemplo: Os mangás que Mashiro e Takagi lançam tem título, história, personagens e conceitos diferentes, ou seja são personagens de um mangá que criam mangás de verdade dentro da história.

Ao todo, a historia tem como foco o crescimento dos dois, porém outros desenhistas são mostrados e alguns famosos são citados, como Akira Toriyama, Masashi Kishimoto, Eiichiro Oda e Osamu Tezuka. Até mesmo a revista Jump é citada (na verdade muito mais do que isso, mas não vou falar desse assunto).
O mangá ganhou uma versão animada em 2 de outubro de 2010 que ainda está sendo lançada.

Bom... agora dou o meu veredicto: Se você é o tipo de pessoa que tem um sonho e quer realizá-lo a todo custo, sem se importar se vai ser difícil ou não, recomendo Bakuman acima de tudo, se conseguir se identificar com os personagens, o mangá vai ser o manual de auto-ajuda mais divertido e carismático do mundo.


Peço desculpas por não ter falado sobre os personagens desta vez, mas é que não quero fazer spoiler e seria difícil citar a maioria sem cair neles.
                                                       Um abraço a todos, não deixem de comentar.
  







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